Herbert Vianna, uma vez chamou a Banda 69 de “Os Beatles de Brasília”. É porque nossos ouvidos liquidificavam tudo que a gente ouvia: rock, clássico, jazz e MPB. Tudo era bem-vindo. O encontro de Marcelo Carvalho Oliveira (baixo e voz), Murilo Carvalho (guitarra e voz), Rodrigo de Castro Lopes, (piano, sintetizador e voz) e Militão Ricardo (bateria e voz) aconteceu em fins de 1980, logo após o Festival de Música do colégio Dom Bosco, onde todos estudavam.
A Banda 69 não perdia o bom humor e tinha refinamento musical. Rodrigo tem formação clássica. Ele e Militão cantaram no Coral da UnB e trouxeram a técnica de harmonizar as vozes para a banda de rock, assim como os Beatles faziam. Marcelo se aprofundou em harmonia e tornou-se o principal compositor e Murilo se dedicou muito à guitarra. O resultado disso impressionou Renato Russo que assistiu ao show de estréia da 69 e se admirou: – ”Eles cantam a quatro vozes e tem teclado!” Pois é, desafinamos (ou será que afinamos?) o coro dos punks. Na verdade, soávamos diferente.
Estas gravações resgatam a formação inicial e clássica da B69: Marcelo, Murilo, Rodrigo e Militão. São fitas demo, shows e ensaios, onde fica clara a criatividade do quarteto. O mais importante era a energia e a integração com a plateia. Na melhor tradição do rock and roll, os shows da 69 normalmente terminavam com o público dançando, numa grande festa geral. Música “Prapular” Brasileira. Na época em que o Brasil terminava um ciclo político pesado, ser alegre, ser irreverente, criticar com bom humor e fazer festa era uma atitude política. A Banda 69 foi a banda mais roqueira daquela geração brasiliense. E o mais importante: nos divertimos muuuuito!
Militão Ricardo
Desenvolvedor: Peter Lima